"Cidade a Contraluz" novo filme do projeto Cinema Possível, traz uma reflexão sobre o universo onírico de uma cidade urbano-indígena arrancada de um imaginário autoral.
Pedro Campos - Diretor de Fotografia. |
A idéia de filmar o poema “Cidade
a Contraluz”, de autoria de Jiddu Saldanha com o poeta amapaense Herbert
Emanuel, já era antiga; o filme já foi engavetado várias vezes por falta de uma
equipe sensível que percebesse a delicadeza mas também a necessidade de um
mergulho radical na forma de ver a “Cidade” pelos olhos dos poetas. A questão foi
superada, depois que Pedro assumiu a direção de fotografia e escolheu sua
equipe para fazer parte deste projeto.
Nicola Cappellini, cria música especialmente para o filme. |
Foi quase um mês de diálogo
até ajustar pontos do roteiro, definir locação e engajar todo mundo neste
sonho, próximo a se realizar.
O poema “Cidade a Contraluz”
foi escrito em 2007 e dedicado à professora de teoria de teatro, Zeniude
Pereira, que, infelizmente, nos deixou nesta vida mas permaneceu, desde sua morte
em 2007, um desejo imenso e intenso de tornar este trabalho uma realização, unindo
o Rio de Janeiro à Amazônia.
“Cidade a Contraluz” é quase
uma dança de palavras, feitas para dar corpo e imagem a uma cidade
completamente poética e aberta a todos os seus habitantes, buscando a energia
do olhar entre o universo sonoro caótico e ordenado por uma lógica indígena,
muito mais do que um olhar apenas urbano, mas é também uma cidade visceral onde
habitam insetos e manequins de vitrines, e incorpora todo seu visual trágico,
taciturno e ao mesmo tempo reluzente.
A atriz Renata Andrade incorpora o imaginário urbano do poema "Cidade a Contraluz". |
Este filme não nasceu do
acaso, ele já havia sido incubado em conversas entre o diretor e a atriz Renata
Andrade, que já emprestou sua bela voz a dois filmes nossos. A princípio ela
fora convidada para vocalizar o poema, mas depois, foi nascendo a idéia de
incluir na produção a imagem da atriz, cujo físico e sensibilidade se incorpora
numa visão que já era consenso antre os autores do poema. Somou-se ao projeto o
músico italiano Nicola Cappellini, que trabalhou um áudio especialmente para
este projeto e, a partir daí foram surgindo as pessoas que hoje, incorporam a
equipe deste projeto tão sonhado.
Filme: Cidade a Contraluz
Autoria de: Jiddu Saldanha
e Herbert Emanuel
Previsão de estréia JULHO
de 2013
FICHA
TÉCNICA
Jiddu Saldanha: Direção, roteiro e montagem
Pedro Campos: Direção de fotografia
Leonard Novaes Collette: assistente de direção
Paulo Campos: Produção
Paula Dryska: Produção de locações
Marcia Rego: produção de set
Pós-Produção: Renata Andrade
Design Gráfico: Gustavo Vieira
Lucas Bobst: Elétrica
Pedro Barros: Maquinaria
Música: Nicola Cappellini
Figurinos: Renata Andrade
Equipe de Making Of e Still - Karol Schittini, Alexandra Arakawa, Jiddu Saldanha
Pedro Campos: Direção de fotografia
Leonard Novaes Collette: assistente de direção
Paulo Campos: Produção
Paula Dryska: Produção de locações
Marcia Rego: produção de set
Pós-Produção: Renata Andrade
Design Gráfico: Gustavo Vieira
Lucas Bobst: Elétrica
Pedro Barros: Maquinaria
Música: Nicola Cappellini
Figurinos: Renata Andrade
Equipe de Making Of e Still - Karol Schittini, Alexandra Arakawa, Jiddu Saldanha
Equalização e gravação de
voz – Aleandro Gimenez
Realização: Projeto Cinema Possível
Elenco – Renata Andrade e André Severo
Participação Especial - Sandra Nunes
Veja o teaser de "Cidade a Contraluz".
Realização: Projeto Cinema Possível
Elenco – Renata Andrade e André Severo
Participação Especial - Sandra Nunes
Veja o teaser de "Cidade a Contraluz".
LEIA O POEMA CIDADE A CONTRALUZ NA ÍNTEGRA
“Cidade à
contraluz”
Herbert Emanuel e Jiddu
Saldanha
entre o branco e o cinza
a porosidade do azul
rasga esta cidade
tardes são pinceladas...
a porosidade do azul
rasga esta cidade
tardes são pinceladas...
manhãs nem tanto
é que a íris se refaz
da escuridão vivida
do marasmo escondido
sob a solidão
mas a ferrugem do crepúsculo
“pátina do tempo”
protege os corpos da queda
olhos glaucoverdes miram-se
em espelhos: aqui
o que se vê é o que se crê
muralhas verdes
valsas disfarçadas de rock
vibrações acrílicas
explosões de pingos d’água
um arqueiro mirando
o centro do arco-íris
as teias de aranha
muito frias, muito brancas
muito tênues
a cidade recolhe suas sombras
a luz ganha cor
vitrines são vedetes
coisificadas de desejo
de amor e morte
em núpcias imperceptíveis
tons de penura nas retinas
ora iluminadas
por um sol
postiço de agosto
sombras e rostos
que o artista apenas
percorre a pincel
II
a que se abre esta cidade?
aços? cartilagens?
bofes sulfurentos?
espigas? fuligem?
rotas ou fugas aleatórias?
submundo
tecido vulcânico
lavas sacudindo o breu
ancas intumescidas...
esta cidade se abre
também aos corpos
vibráteis da alegria
outras freqüências
do amor e do desejo
mestiças cartografias
música para os olhos
cores para ouvidos atentos
alento para o desespero
nesta cidade flui
o gozo das marionetes
o vermelho do medo
e ainda por ela
passa a retórica, os excrementos
o fluxo das baratas
um caminho sem trégua
para o aleatório
esse caos de tons lúgubres
talvez o vôo de mariposas
o estardalhaço dos grilos
os ossos de sépia do poeta
nos tragam um céu pleno
um sol sem conceitos
horas de perplexidade
ou, quem sabe, apenas
amores reclusos, imobilidades
prestes a explodir
nesta cidade
um tubo voraz, a cloaca
se incha de conteúdos
e ela, a mais bela
é
apenas sorriso branco
o
contraste, a inocência?
a
cidade se abre
a
toda cumplicidade
que
nunca termina
e
seus múltiplos reflexos
de
tons cambiantes
serão
sempre... um recomeço
fevereiro/2007
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